A direção é um dos grandes desafios que o idoso enfrenta e com eles, seus familiares também. Até julho de 2020, segundo o DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito), o número de idosos habilitados (pessoa com idade superior a 61 anos) em direção de veículo automotor ultrapassava os 12,5 milhões. Em comparação aos números apresentados em 2012, que era cerca de 3,6 milhões, representa um aumento de cerca de 350%.
Com o envelhecimento da população mundial e a melhora na qualidade de vida, esses números já eram esperados. Daí a importância em se discutir este assunto.
O ato de dirigir é uma tarefa muito complexa, pois envolve diversos fatores do próprio indivíduo e do meio em que ele está inserido. Quando a pessoa está dirigindo, não é apenas acelerar, frear, dirigir. A pessoa tem que estar atenta onde o carro está, seu espaço, dimensões, a velocidade em que os outros veículos se deslocam, mudanças de curso, curvas, ler e interpretar placas de sinalização, estar atento aos obstáculos, pessoas, buracos. Além de tudo, ainda deve estar atento às mudanças climáticas, iluminação. Tudo isso torna a atividade de dirigir um veículo uma atividade cognitivo-motora com múltiplas tarefas.
Agora, o que acontece conosco quando envelhecemos? Ao envelhecermos, as alterações em nosso organismo são as mais diversas. Sofremos alterações visuais, percepção visuo-espacial, cognitivas e motoras. Essas alterações nos atrapalham quando estamos dirigindo ao anoitecer; quando cruzamos com um veículo com o farol aceso; quando percebemos menos os objetos se movimentando ao redor; quando demoramos para tomar decisões.
Mas o envelhecimento em si, não torna alguém em mal motorista. Nós, profissionais de saúde, cuidadores e familiares devemos orientar aos idosos para que façam uma autoavaliação, avaliem suas capacidades, sempre lembrando que o ato de dirigir é um privilégio e não um direito, e que a segurança pública precisa ser mais importante que os seus desejos, afinal os acidentes de trânsito geralmente envolvem outras pessoas.
É importante que essas conversas, sobre a hora de deixar a direção, aconteçam precocemente, pois alterar comportamentos consolidados são mais difíceis e a compreensão será muito mais dificultada.
Temos alguns comportamentos e situações que indicam que a família deve procurar ajuda profissional para que este idoso seja avaliado quanto a direção de veículos. Algumas situações e comportamentos que indicam essa necessidade: quase bater o carro, com frequentes colisões iminentes; distrair-se ao volante; mudar de pista sem ligar a seta; confundir pedais ou ter dificuldade em mudar; demonstrar raiva constante na direção; ter dificuldade em observar placas e sinais; receber “buzinadas” frequentemente; receber multas frequentes; mudar de faixa sem avisos ou motivos; entre outras.
A prevenção é a melhor forma de evitarmos problemas. Procure conversar com seus familiares. Cultive este hábito, pois a adoção deste ajudará muito quando chegar a hora deste idoso ter que entregar as chaves do seu veículo. Ao perceber essas dificuldades, procure ajuda profissional.
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