Por Dr. Marcio Rogério Renzo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) preocupada com a importância do diagnóstico precoce dos linfomas, que é um grupo de câncer que surge no sistema linfático, responsável principalmente pela defesa do nosso organismo contra agentes externos, como as infecções, criou o Agosto Verde-Claro para conscientização da busca pelo diagnóstico precoce. Cerca de 4 mil brasileiros morrem todos os anos em decorrência desse tipo de câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Existem dois tipos principais deste câncer, sendo eles: o Linfoma de Hodgkin (LH) e Linfoma Não Hodgkin (LNH), sendo que este possui cerca de 80 tipos. Eles se desenvolvem principalmente nos linfonodos, também chamados de ínguas, que se encontram na região das axilas, virilha e pescoço, levando a formação de “caroços”.
O linfoma ou Doença de Hodgkin é mais raro e atinge qualquer faixa etária, porém mais comuns entre jovens e adultos e os homens se destacam pela incidência. Tem uma detecção mais fácil no linfonodo acometido. Sua incidência ao longo dos anos permaneceu estável. A moralidade foi reduzida em 60% e a maioria dos pacientes se curam com os tratamentos disponíveis.
o linfoma Não Hodgkin é mais comum e as células afetadas são os linfócitos B e T, sendo essa a forma como são agrupados em dois grandes grupos: indolentes e agressivos. Nos últimos 25 anos o número de casos dobrou, principalmente entre os idosos. Eles atingem os linfonodos e os órgãos fora do sistema linfático, como: medula óssea, trato gastrointestinal, nasofaringe, pele, fígado, ossos, tireoide, sistema nervoso central (relacionado ao HIV), pulmão e mama. É mais predominante na infância e os homens estão mais predispostos.
Quais sinais e sintomas costumam aparecer?
Os sintomas de maneira geral são: febre, suor noturno, cansaço excessivo, emagrecimento sem causa aparente e coceira, porém eles podem alterar conforme o tipo de linfoma.
Os sinais e sintomas do Linfoma de Hodgkin podem surgir em qualquer parte do corpo e os sintomas variarão conforme o local onde se instale. Quando se instalam nos linfonodos da região do pescoço, virilha e axilas, formando as chamadas ínguas, costumam não ser dolorosos, porém bem perceptíveis. Já se aparecem na região do peito, podem causar tosse, falta de ar e dor na região. Na região do abdômen (barriga e quadril) pode causar distensão local e desconforto.
Os Linfomas Não-Hodgkin provocam: aumento nos linfonodos (gânglios) do pescoço, axilas e virilha especialmente. O suor noturno é excessivo. A febre está presente e o surgimento de coceira na pele. O aumento do baço também é relatado, além de fadiga.
O estadiamento (extensão da doença), juntamente com o subtipo determina qual será a linha de tratamento nos casos deste tipo de câncer. O estadiamento é dividido em estágios, que vai do I ao IV, sendo o último a forma mais grave. Há também a descrição das letras “X”, “E” e “S” que indicam tamanho, se está fora do sistema linfático e se envolve o baço. Além de “A” e “B”. “A” indica que o paciente não tem febre, suor noturno e perda de peso, já os de letra “B”, possui algum desses sintomas e recebem um tratamento mais agressivo.
Como é feito o diagnóstico?
Há diferentes formas para o diagnóstico dos linfomas devido às características de cada tipo.
Nos linfomas de Hodgkin é feito através de biópsia local. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente dividiu o linfoma de Hodgkin em dois subgrupos: o clássico, que se subdivide em 4 quatro e o de predomínio linfocitário nodular.
Nos linfomas de Não-Hodgkin é mais complexo, necessitando de vários exames para que se feche o diagnóstico com uma exatidão. Dentre eles estão: a biópsia, a tomografia computadorizada, a punção lombar e a ressonância magnética. Após a realização dos exames laboratoriais poderemos definir o tipo de linfoma (indolente ou agressivo) e o estágio, sendo que normalmente os agressivos correspondem à maior parte.
Como é feito o tratamento?
O tratamento do linfoma decorre de acordo com o seu tipo.
Nos linfomas de Hodgkin, em sua grande maioria é curável, quando identificado precocemente e tratado de forma adequada. A base de seu tratamento se dá através: da poliquimioterapia, da quimioterapia com múltiplas drogas, com o sem radioterapia associada. Em caso de recidivas, a poliquimioterapia e o transplante de medula óssea podem ser indicadas.
Nos linfomas de Não-Hodgkin podem ser indicados condutas como: quimioterapia, associação de imunoterapia e quimioterapia, ou radioterapia, vai depender do tipo específico do linfoma Não-Hodgkin.
A FISIOTERAPIA ONCOLÓGICA contribui imensamente no tratamento do paciente, pois a quimioterapia, radioterapia e o transplante de medula óssea produzem limitações aos pacientes. Algumas das alterações observadas no pós tratamento dessas condutas são: dor persistente nos ossos, retrações e aderências nas cicatrizes, encurtamento muscular, alterações respiratórias, diminuição da amplitude de movimento, perda de propriocepção, falta de controle motor, perda de condicionamento muscular, entre outras.
As condutas fisioterapêuticas utilizadas em pacientes com linfomas são: exercícios físicos leves; a drenagem linfática; alongamentos; eletroterapia; exercícios respiratórios; além de trabalhar a parte emocional dos pacientes, muito fragilizada pelo tratamento, de forma a melhorar a autoestima, o relacionamento interpessoal e evitar a depressão.
No caso específico da conduta de transplante de medula óssea, existem estudos que apontam que 76% dos pacientes apresentaram fadiga e 41% apresentaram fraqueza muscular. A fisioterapia pode e deve ser iniciada a partir do diagnóstico, uma vez que ela preparará o paciente para as condutas que virão e após, desta forma, muitas vezes reduzindo a incidência das sequelas ou mesmo fazendo com que elas não apareçam. Daí a importância do diagnóstico precoce, além de promover um tratamento menos agressivo, com menos possibilidade de recidiva, a recuperação se torna menos sofrida e mais rápida.
A fisioterapia é indicada para todos os pacientes, de qualquer idade, observadas as características individuais de cada caso.
Como prevenir?
Não há uma forma efetiva de prevenção, porém como as demais formas de câncer, manter uma alimentação saudável (rica em fruitas e verduras); evitar alimentos muito processados; praticar atividades físicas; não fumar e evitar a exposição a produtos cancerígenos no trabalho são formas que contribuem para a prevenção.
Ao sentir qualquer dos sinais e sintomas, procure um profissional habilitado!
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