Por Dr. Marcio Rogério Renzo
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS):“A saúde mental é caracterizada por um estado de bem-estar no qual uma pessoa é capaz de apreciar a vida, trabalhar e contribuir para o meio no qual vive, ao mesmo tempo em que administra suas próprias emoções”.
Vários são as situações e fatores que podem nos levar a ter nossa saúde mental debilitada e por consequência debilitando nossa saúde física.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que cerca de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo e cerca de 800 mil pessoas morrem de suicídio todo ano, sendo essa a segunda causa de morte na faixa etária dos 15 a 29 anos. A depressão também é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Tomando-se por base que a depressão é apenas um dos transtornos mentais, tais números já são bastante expressivos. Há outros transtornos que são bastante expressivos no Brasil, como: transtornos ansiosos (cerca de 9,3% da população) que incluem a fobia, transtornos obsessivos-compulsivos, transtorno bipolar, estresse pós-traumático, esquizofrenia, alcoolismo e ataques de pânicos.
O Ministério da Saúde preconiza que o tratamento de pessoas portadoras de transtornos mentais seja atendido dentro de um modelo comunitário de ação integralizada, com isso é assegurado ao paciente o direito à liberdade, a participação da família no processo de recuperação e a participação do paciente em ações na comunidade em que está inserido.
Observando de uma ótica social, os pacientes portadores de transtornos mentais são acometidos de uma deficiência, sendo muito importante o aspecto da prevenção de possíveis fatores complicadores ao tratamento. Entendamos como prevenção o conjunto de medidas e ações que visam impedir a instalação de transtornos ou deficiências ou impedir que as deficiências e os transtornos, quando já instalados, tragam consequências físicas, psicológicas e sociais negativas ao paciente.
Os pacientes de transtornos mentais devido à sua condição e também devido ao seu tratamento (utilização de medicamentos antipsicóticos, por exemplo), por vezes desencadeiam efeitos colaterais dos mais variados, sejam eles: neurológicos, cardiovasculares, endócrinos, visuais, hematológicos, hepáticos, cutâneos e musculoesqueléticos. Essas alterações, por se tratar de um processo crônico, abalam diretamente a saúde funcional do paciente com algum sofrimento psíquico. As principais formas que se apresentam tais alterações são: movimentos repetitivos involuntários, dificuldade em permanecer parado, problemas na coordenação dos movimentos, fraqueza muscular, dentre outras.
A Fisioterapia como aliada no tratamento multidisciplinar
Com a finalidade de intervir nesse ciclo, formado pela deficiência física e desencadeada pelos transtornos mentais, a fisioterapia faz uso de técnicas de reabilitação física, minimizando as limitações impostas pela deterioração física, provocada pela medicação neuroléptica para o controle do transtorno.
Diante dessa problemática, a Fisioterapia trabalha nesses pacientes o desenvolvimento e comportamento da marcha, o equilíbrio, a disposição postural, a consciência corporal, além de trabalhar também a sociabilização desses pacientes, através do desenvolvimento de atividades em grupos, sempre procurando estabelecer a conduta terapêutica por cooperação e comunicação do próprio paciente e muitas vezes da família do doente.
A Fisioterapia como ciência da saúde tem por finalidade o estudo dos movimentos humanos em todas suas amplitudes e capacidades, sejam elas normais ou patológicas, de forma a proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida, tanto na parte psíquica quanto na orgânica. Os pacientes portadores de algum tipo de sofrimento psíquico ao serem submetidos ao tratamento fisioterápico demonstram, após a realização da sessão, melhora inclusive na saúde mental.
Desta forma, a presença do fisioterapeuta na equipe de saúde mental é extremamente importante, seja no ambiente hospitalar, no ambulatorial, nos hospitais dia, nos centros de convivência e nos centros de atenção psicossociais (CAPS), como parte somatória do processo de terapêutica psiquiátrica, observando-se as deficiências e limitações provocadas pelos sintomas de sua doença e, de maneira multidisciplinar, delinear condutas a fim de desenvolverem o potencial de recuperação e inclusão social, mantendo sua capacidade funcional e independência para suas atividades de vida diária.
A Fisioterapia atua na promoção da melhora da autoimagem e da autoestima.
Como visto, a fisioterapia ajuda na promoção da autoimagem e na autoestima, pois através de suas técnicas propicia uma interação social com os outros pacientes, permite ao paciente um melhor conhecimento da sua situação corporal, permitindo uma maior expressividade, a qual fica diminuída devido ao transtorno.
Com a melhora da sua autopercepção, o paciente consegue redimensionar suas atitudes, reconhecer necessidades, desta forma, melhorar a sua independência e sua qualidade de vida. Outro ganho expressivo, observa-se no desenvolvimento do trabalho corporal que além de trabalhar toda a parte fisiológica, melhorando capacidade respiratória, alongamentos, ganho de amplitude de movimentos, etc.. é reconhecido que a atividade física também suscita alterações psicológicas, influenciando assim no humor, na autoestima, no comportamento em geral, pois a expressividade corporal antes diminuída como vimos, que é uma marca dos pacientes com transtornos mentais, agora com este ganho são ampliadas, facilitando as interações sociais.
A prevenção é o melhor dos remédios!!
Nem sempre conseguiremos nos prevenir de alguns dos transtornos por estarem relacionados a outros fatores, porém algumas atitudes podem nos ajudar a manter uma saúde mental no dia a dia.
Atividade física: a prática de exercícios físicos ajuda na produção de hormônios que ajuda na redução do estresse e da ansiedade.
Alimentação balanceada: invista em uma alimentação saudável. Uma má alimentação pode nos deixar indispostos e prejudicar nossa saúde.
Relacionamentos tóxicos: afaste-se de relacionamento tóxicos, agressões psicológicas e ate mesmo físicas, são desencadeadores de transtornos como ansiedade e depressão.
Desacelere: tudo na vida tem seu tempo. Família, parceiro, trabalho. Então, abra um espaço na sua agenda para você, pois caso contrário sua vida se tornará um caos, que desencadeará transtornos como ansiedade e depressão.
Abra seu coração: aprenda a falar o que estiver sentindo. Admitir que uma situação não está bem, não é sinal de fraqueza. Falar ajuda não só a você entender melhor a sua situação, mas também a se sentir menos sozinho e, desta forma resolver seus próprios conflitos.
Evite o consumo de álcool e drogas: o consumo de álcool e drogas prejudica o funcionamento do seu corpo. O consumo mais esporádico pode levar a episódios de ansiedade e depressão mais leves. Porém o uso contínuo, prejudica a produção de substâncias essenciais à função cerebral.
Não esqueça, ao sentir que algo não está bem, procure um profissional habilitado!!!
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